Base tecnológica brasileira é excelente, afirma presidente da Finep

As posições de destaque que o Brasil coleciona em setores como agricultura e pecuária, petróleo e energia estão diretamente atreladas às atividades de pesquisa, desenvolvimento e inovação do País. “Temos uma base institucional, laboratorial, tecnológica excelente”, afirma o presidente da Financiadora de Estudos e Projetos (Finep), Marcos Cintra.

A estrutura de pesquisa e desenvolvimento (P&D) e de ciência e tecnologia (C&T) no Brasil é superior a países com renda média per capita semelhante, como Chile, Turquia e África do Sul, observa. Uma base que começou a ser montada há décadas, evidenciada, por exemplo, com a criação da instituição, que completa 50 anos em 2017. Vinculada ao Ministério da Ciência, Tecnologia, Inovações e Comunicações (MCTIC), a Finep é a principal agência de fomento à inovação no Brasil e concede financiamentos reembolsáveis e não-reembolsáveis a instituições de pesquisa e empresas.

Neste ano, o total de recursos destinados pela financiadora às companhias que querem investir em atividades de inovação soma R$ 6 bilhões. As condições de financiamento variam de acordo com o perfil do projeto, considerando o grau de inovação e de relevância. Todas as quatro linhas de ação disponíveis estão atreladas à Taxa de Juros de Longo Prazo (TJLP) mais juros que variam entre 1,5% e 5% ao ano, com diferentes prazos de carência. A participação da instituição pode chegar a até 90% do valor total do projeto. As empresas estrangeiras podem requerer o financiamento, desde que estejam atuando em território nacional.

Esse quadro será apresentado por Cintra a investidores estrangeiros que vão participar do Fórum de Investimentos Brasil 2017, organizado pelo governo federal, nos dias 30 e 31 de maio em São Paulo. “O Brasil é um país tecnologicamente promissor, com um potencial gigantesco nesta área. Estamos absolutamente preparados e desejosos de trazer para o Brasil investimentos externos dos mais variados setores. E, com certeza, com condições de fazermos parceria de igual para igual em qualquer área, com qualquer empresa multinacional e que queira investir no Brasil”, diz.

 

Aliança

O presidente da Finep destaca o grande esforço que o setor público tem feito como indutor da atividade de inovação, mas que é preciso maior participação da iniciativa privada. O País investe 1,23% do PIB em pesquisa e desenvolvimento. Desse total, 0,8% vem do Estado. O restante é da iniciativa privada. “O desafio hoje é fazer o setor privado responder aos gastos públicos que têm sido feitos. E isso está nos grandes laboratórios, na infraestrutura do conhecimento, nas universidades. É fazer com que a empresa privada invista mais em C&T”, disse.

As empresas devem se preparar, neste momento, para aumentar os investimentos em pesquisa, ciência e tecnologia, com focos na retomada do crescimento econômico que já está em curso, a partir dos ajustes feitos pelo governo desde a metade do ano passado. “Poderemos colocar rapidamente toda essa máquina já montada e instalada no País em pleno uso e, aí, vamos desenvolver muito rápido esse setor de P&D no País”.

Atualmente, o percentual de empresas que realiza atividades de inovação no Brasil está em linha com demais países, na faixa de 36%. Acima, por exemplo, da França, na casa dos 35%, e do Japão, próximo de 26%, segundo dados da Organização para a Cooperação e Desenvolvimento Econômico (OCDE) e da sexta edição da Pesquisa de Inovação Pintec 2014, realizada pelo Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE).

De acordo com o levantamento da pesquisa brasileira (triênio 2012-2014), 36,0% das 132.529 empresas brasileiras com dez ou mais trabalhadores fizeram algum tipo de inovação em produtos ou processos, taxa próxima da apresentada no triênio anterior (35,7%).

Estrutura e recursos

O apoio da Finep abrange todas as etapas e dimensões do ciclo de desenvolvimento científico e tecnológico: pesquisa básica, pesquisa aplicada, inovações e desenvolvimento de produtos, serviços e processos. Apoia, ainda, a incubação de empresas de base tecnológica, a implantação de parques tecnológicos, a estruturação e consolidação dos processos de pesquisa, o desenvolvimento e a inovação em empresas já estabelecidas e o desenvolvimento de mercados.

Além dos R$ 6 bilhões pra linhas de financiamento para as empresas, a Finep atua também em outras duas pontas. Recursos do Fundo Nacional de Desenvolvimento Científico e Tecnológico (FNDCT) – um fundo público que arrecada recursos de vários setores iniciativa privada - que tem neste ano, R$1,3 bilhão, em valores não reembolsáveis. Esse dinheiro é concedido a instituições científicas e tecnológicas nacionais – públicas ou privadas – para execução de projetos nesta área, de infraestrutura de pesquisa e, ainda, de capacitação de recursos humanos.

Já para investimentos diretos, o total para este ano é da ordem de R$ 600 milhões a R$ 800 milhões. A Finep, observa o presidente, aplica em empresas inovadoras, comprando participação acionária, por meio de fundo de investimentos, e ajuda empresas nascentes, as startups, tornando-se parceira.

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