Empresários defendem visão de longo prazo para participar do próximo ciclo de crescimento do Brasil

Executivos de diferentes setores afirmaram que turbulência política não muda planos de investimentos no país
 
São Paulo, 30 de maio de 2017 - A confiança nas oportunidades que o país oferece para investidores estrangeiros deu o tom do painel "Investindo no Brasil”, durante o Fórum de Investimentos Brasil 2017, que acontece nesta terça (30) e quarta (31) em São Paulo. Empresários de diferentes setores, presentes no Brasil há várias décadas, reforçaram o foco no longo prazo. O presidente da Fiat Chrysler na América Latina, Stefan Ketter, aproveitou a oportunidade para fazer um convite aos participantes do fórum. “Todos sabem que os investimentos têm de ser anti-cíclicos. Se quisermos participar do próximo ciclo de crescimento brasileiro, essa é a hora de investir”, afirmou o executivo, que comanda as 150 fábricas da montadora no mundo.
 
”O Brasil se confirma a cada dia como país de grande atratividade", disse o presidente da Agência Brasileira para Promoção de Exportações e Investimentos (Apex-Brasil), Roberto Jaguaribe. Segundo o ele, o País já registrou US$ 30 bilhões em novos investimentos estrangeiros nos primeiros meses de 2017 e poderá fechar o ano entre os cinco países com maior atração de investimentos.
 
"Temos oportunidades no agronegócio, no setor de petróleo, em inúmeras áreas. Há uma convergência maior dos instrumentos comerciais, não apenas para trazer o mundo para o Brasil, mas levando o Brasil para o mundo, ainda que enfrentando as turbulências que enfrentamos nos últimos dois anos”, disse o presidente da Apex.
 
Keffer, da Fiat Chrysler, lembrou o longo histórico da empresa no País e citou o investimento de mais de R$ 10 bilhões feitos na fábrica instalada no Estado de Pernambuco. “Muitos questionaram esse investimento, mas hoje essa fábrica é a melhor que temos no mundo e emprega 13 mil funcionários”, elogiou. “O Brasil faz parte do DNA do conglomerado Fiat Chrysler.”
 
A Siemens, que faz negócios no Brasil há 150 anos, está "preparada" para seu próximo grande ciclo de investimentos e vai dobrar as atividades nos próximos anos, anunciou Paulo Ricardo Stark, CEO da Siemens Brasil. Segundo o executivo, quem tem experiência em investir no País não tem a menor dúvida de que há demanda e oportunidades de investimentos. Ele alertou, contudo, que garantir que investimentos já feitos sejam retomados ou sustentados é tão importante quanto atrair novos projetos. "É um país que tem democracia de fato, mercado interno grande, fertilidade do solo, riquezas minerais e posição geográfica estratégica para as Américas.”
 
O executivo da Siemens afirmou, ainda, que o Brasil tem um sistema tributário e legislação trabalhista complexos e elogiou o foco nas reformas em andamento. “É com muita felicidade que vemos o governo focado em resolver o contencioso trabalhista. Há uma concentração de tributos sobre a atividade industrial que também deveria passar por essa reavaliação”, afirmou.
 
Já o presidente da Anglo American Brasil, Ruben Fernandes, exaltou a forma como o brasileiro encara suas crises. É bastante salutar, disse o executivo, a "velocidade com que consegue reverter quadros de crise e buscar resultados". Na mineração, ele elogiou o trabalho que o governo vem fazendo para dar uma repaginada no marco regulatório para atrair investimentos. "A mineração é um dos pilares desse país, dá suporte aos demais investimentos”, disse, lembrando que a decisão de investimento neste setor é sempre de longo prazo. "Uma instabilidade política momentânea nunca é relevante, o investidor olha para o futuro. Então, a riqueza existente no País, a mudança no marco regulatório e a demanda crescente contam muito mais. E a empresa está acreditando no futuro do Brasil por tudo isso."
 
AGRONEGÓCIO
O diretor de Operações Comerciais da Bayer, Marc Reichart, vê o momento atual do País com muito otimismo e elogiou o aumento de produtividade que o agronegócio brasileiro registrou nas últimas décadas. “O que vimos no Brasil em ganho de produtividade não foi registrado em nenhum outro país”, disse o executivo. O recado foi reforçado por Sean Kidney, CEO da Climate Change Initiative, que recomendou ao governo e a produtores que sustentem a confiança na agricultura brasileira e envolvam o capital financeiro internacional em iniciativas sustentáveis para o agronegócio. “Precisamos de uma agricultura sustentável para proteger o solo”, alertou.
 
Reichart chamou a atenção para a necessidade de avançar e propôs a elaboração de um marco regulatório que reduza a burocracia e agilize o registro de produtos no país. “A Bayer leva dez anos pesquisando novos produtos. Hoje, registrar um produto no Brasil leva oito anos, em média. É muito tempo, principalmente quando as pragas se adaptam numa velocidade muito maior”, afirmou.
 
Ele elogiou as reformas que vêm sendo executadas, sobretudo a da Previdência e a trabalhista, acrescentando que “poucos países tiveram a coragem de liderar mudanças dessa magnitude”. Questionado sobre o impacto de questões políticas sobre o plano de investimentos da Bayer no Brasil, o executivo afirmou que os projetos da empresa não serão afetados. “Para as decisões de investimento, a turbulência política não terá impacto. Faz mais de 120 anos que estamos no País e vamos continuar investindo, independentemente do cenário político.”
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