Os desafios da infraestrutura brasileira são apontados por representantes de grandes instituições financeiras nacionais e estrangeiras como grandes oportunidades de investimento no longo prazo. Os rankings internacionais que apontam deficiências em rodovias, ferrovias, energia e portos são vistos como grandes perspectivas de negócios. “O Brasil é um país de oportunidades. Talvez poucos países no mundo tenham tantas, sobretudo em infraestrutura”, resumiu o presidente do Banco do Brasil, Roberto Cafarelli, ao falar nesta tarde (30), durante o Fórum de Investimentos Brasil 2017, estimando que os negócios potenciais ultrapassam R$ 1 trilhão.
“O Brasil é o melhor cavalo para se apostar”, disse o presidente do JP Morgan Brasil, José Berenguer, ao fazer uma metáfora sobre o potencial de investimento no longo prazo no País. Para o banco, é estratégica a presença no Brasil, que é considerado o mais atrativo entre os países emergentes em função da frágil infraestrutura. “Isso em algum momento vai se corrigir”, afirmou, completando: “Estamos mirando em 2030”.
Para o presidente da Corporação Interamericana de Investimentos, James Scriven, os grandes projetos que estão chegando ao mercado com a concessão de aeroportos, portos, rodovias e ferrovias são boas notícias não somente para a sociedade brasileira, mas também para os investidores. “Ser um banco de desenvolvimento privado num momento de incertezas é cumprir nosso papel de financiar, e não há nada melhor para trazer investidores do que investir em três setores: infraestrutura, infraestrutura e infraestrutura”, brincou Scriven. A corporação, que oferece financiamento ao setor privado na América Latina e no Caribe, com foco em pequena e médias empresas, está abrindo um escritório em São Paulo. No Brasil, sua sede é em Brasília.
O presidente do Credit Suisse Brasil, José Olympio Pereira, destacou que a maior confirmação de que este é um ótimo momento para se investir no Brasil, é a volta do investidor de curto prazo ao mercado. Depois de anos de muitas operações de abertura de capital (IPOs, na sigla em inglês) de empresas na Bolsa de Valores, ele lembrou que a última boa “safra” ocorreu em 2013, com 10 negócios. Nos anos seguintes, a média caiu para uma abertura ao ano. “Porém, até maio deste ano, já tivemos quatro IPOs com sucesso e temos mais três sinalizados”, afirmou. Para ele, é importante diferenciar o investidor de curto e de longo prazo, lembrando que esse último “sempre esteve no Brasil, e sempre estará”. “Não vai se retirar em função de crises. Sempre fica à espera do cavalo passar selado para montar”, completou o presidente do Credit Suisse Brasil.
“Já o investidor de curto prazo, fica apenas olhando oportunidades e mesmo no momento mais promissor da Bolsa de Valores, não houve um crescimento expressivo dos negócios, não houve uma vinda maciça desse investidor para o Brasil, ao contrário do que estamos começando a sentir agora”, disse Pereira, destacando que, no momento, há uma vontade do investidor de tomar risco no mercado internacional. “A gente está com vento de cauda e não pode perder essa oportunidade”, afirmou o executivo.
Sobre o avanço das reformas que estão no Congresso, que estão no radar dos investidores internacionais, o diretor-executivo de risco da consultoria política internacional Eurasia Group, Christopher Garman, disse estar confiante. Ele vê com certe ceticismo apenas a reforma da Previdência, que, acredita, poderá passar por alguns ajustes, por conta dos interesses dos parlamentares nas eleições de 2018. “Mas é absolutamente importante chamar atenção de que, num momento tão dramático (em função da crise política), tudo fluiu”, disse. “Surpreendeu que os preços de ativos rapidamente voltaram aos patamares anteriores.”