Brasil: nichos de mercado impulsionam ações em Pesquisa & Desenvolvimento

Energias renováveis, biocombustíveis, exploração de óleo e gás na camada do pré-sal, cosméticos e produtos de higiene e limpeza. Esses são apenas alguns dos setores apontados pela Agência Brasileira de Promoção de Exportações e Investimentos (Apex) como nichos de mercado notadamente brasileiros, com grandes potenciais de exploração de mercado e geração de novas tecnologias por investidores estrangeiros e internacionais. “Pesquisa e Desenvolvimento é algo muito importante para o Brasil porque esses investimentos colocam o País no circuito mundial”, afirma a diretora de Negócios da Apex-Brasil, Márcia Nejaim Galvão de Almeida. “As empresas estão vindo para cá para desenvolver novas soluções, novos produtos, novas tecnologias, não apenas para atender o mercado brasileiro, mas também para fornecer para outros mercados.” Ela acrescenta que investimentos em P&D resultam em empregos de alta qualificação e geram um efeito de “transbordamento”, ou seja, provocam efeitos positivos também em segmentos econômicos interligados, afirma Almeida.

No caso do setor de higiene pessoal, perfumaria e cosméticos, por exemplo, o Brasil é o quatro maior mercado, representando 7,1% do consumo mundial, atrás apenas dos Estados Unidos, China e Japão, segundo dados da Associação Brasileira da Indústria de Higiene Pessoal (ABIHPEC). As oportunidades de trabalho no setor saltaram de 1,130 milhão em 1994, para 5,971 milhões em 2015, aponta a associação, um aumento de 412,5%.

Mas não é apenas o potencial de consumo interno que atrai companhias estrangeiras. “A gente tem uma diversidade enorme em nossa população, então as empresas olham o mercado brasileiro como um mercado para produtos que são lançados em todo o mundo”, explica Almeida. Ela cita casos de companhias estrangeiras de cosméticos e produtos de higiene e limpeza que têm centros de pesquisa no Brasil. Especificamente, cita o exemplo de uma multinacional que desenvolve na filial brasileira a linha de protetores solares que é vendida pela empresa em todo o mundo.

“Temos hoje uma massa industrial tão grande no Brasil que o País é atrativo para que projetos de P&D venham para cá”. A diretora da Apex lembra que em alguns setores há uma vocação brasileira que praticamente “obriga” empresas internacionais a estarem presentes no Brasil, como é o caso de biocombustíveis. “Temos um know-how em biocombustíveis gerados a partir de cana-de-açúcar, por exemplo, que faz com que a maioria das empresas que desenvolvem novas tecnologias na área esteja aqui”, diz a secretária. Ela destaca também que o Brasil é um polo global na pesquisa de remédios e tratamentos para doenças tropicais.

Todos essas áreas de potencial investimento terão espaço de destaque no Fórum de Investimentos Brasil 2017, que será realizado nos dias 30 e 31 de maio, em São Paulo. O evento já conta com mais de 300 convidados estrangeiros confirmados. E muitos desses empresários vão conhecer de perto projetos produtivos brasileiros. “Antes e depois do Fórum, a gente está fazendo uma série de iniciativas. Vamos levar um grupo de investidores em energia para conhecer os parques em Pernambuco, por exemplo”, afirma a gerente de Investimentos da Apex, Maria Luisa Cravo Wittenberg.

Novos horizontes

Além de atrair investimentos produtivos, a Apex também tem como foco trazer para o Brasil fundos de venture capital e de private equity. A ideia é aproximar esses fundos das empresas de base tecnológica brasileira que estão criando novas soluções para atender os mercados doméstico e internacional, mas que ainda não produzem em escala suficiente para ingressar para valer no mercado. “São empresas com potencial exportador, iniciantes, internacionalizadas ou com vocação internacional. Então por que não fazer o link entre esses fundos, que estão capitalizados, e essas empresas?”, questiona Almeida.

O histórico brasileiro de respeito aos contratos, o potencial do mercado interno e os nichos de mercado são fatores que já atuam como fortes ingredientes capazes de atrair investimento. Mas a diretora de Negócios da Apex ressalta ainda como um importante diferencial, que vem sendo fortalecido nos últimos meses, o trabalho de coordenação entre os órgãos de governo. Isso faz as informações circularem com maior rapidez e garante mais agilidade nos retornos de demandas encaminhadas por investidores. Em julho do ano passado, foi criado o Comitê Nacional de Investimento (Coninv), com a competência de formular propostas e recomendações ao Conselho da Camex voltadas ao fomento de investimentos de empresas estrangeiras no Brasil e de brasileiros no exterior.

Com o comitê, foi estabelecida também a instituição da figura do ombudsman de investimentos diretos, que pode ser procurado diretamente pelas empresas. “É uma figura criada para a resolução de problemas”, diz Almeida. 

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